Foco narrativo - A Hora da Estrela Resumo - A narrativa é
contada por um personagem masculino, Rodrigo S.M. Ele é simultaneamente
narrador, personagem e criador da narrativa. Assim, pode-se dizer que há uma
narração na primeira pessoa, nas passagens em que Rodrigo participa da trama
que ele conduz. E ocorre a terceira pessoa nos momentos em que ele apenas conta
a trajetória de Macabéa, como escritor e narrador. Parece que foi mesmo propositado
Clarice recorrer a um homem para idealizar a protagonista e contar sua história
do ponto de vista masculino.
Linguagem usada na narrativa
Clarice escapa um pouco ao seu modelo literário, o
retrato da essência das personagens femininas. Ela enfoca neste livro uma questão
de natureza social, mesclam-se nesta narrativa um realismo cru e um tom poético
do qual a autora não consegue fugir.
Tempo da narrativa
Em a Hora da Estrela o tempo é cronológico, ou seja, os acontecimentos
escorrem exatamente na ordem em que acontecem, sem pulos ou retrospectivas. A finalidade
é reportar o próprio compasso da existência humana, seguir o transcorrer normal
de uma vida. Portanto, é natural que o leitor possa acompanhar Macabéa desde o
nascimento até a sua morte.
Cenário onde se passa a história
A história acontece na linda cidade do Rio de Janeiro. A protagonista tem sua origem na região Nordeste, mais precisamente em Alagoas. No entanto a maior parte de suas experiências transcursa em terras cariocas.A Hora da Estrela e seus personagens
Como em toda a obra de Clarice Lispector, aqui também suas personagens são esféricas ou densas. A diferença, aqui, é que ela privilegia também as peculiares exteriores dos personagens. Macabéa e Olímpico são bem definidos fisicamente.Macabéa: a personagem principal
Ela é a personagem central. Sua rosto psicológico e suas peculiaridades
físicas são bem trabalhadas. Jovem alagoana, órfã de mãe e de pai. Foi educada
pela tia e com esta familiar vem para o Rio. Logo depois sua tia falece.
O personagem Rodrigo
Rodrigo é o narrador, o autor e em alguns momentos
aparece como personagem. Há vários
pontos em comum entre ambos: eles vêm do Nordeste, não estão acostumados a focalizar
questões sociais e mostram a mesma excitação com a aproximação da morte.
A personagem Glória
Ela trabalha com Macabéa. Clarice Lispector enfatiza
muito a compleição física desta personagem, frisando nela tudo de que Macabéa precisa.
Ambas terminam disputando uma oportunidade de se relacionar com Olímpico de
Jesus, porém essa desventura é sutil, já que a protagonista se submete a tudo
sem reclamações.
O personagem Olímpico de Jesus
Apesar de Olímpico e Macabéa serem nordestinos, Clarice Lispector
o retrata como uma pessoa de alta vitalidade, enquanto confere à protagonista
um abatimento crônico. Ele tem esperanças no futuro, planeja ter filhos, já ela não consegue idealizar nenhum plano real
no campo pessoal.
Raimundo Silveira, outro personagem de “A Hora da Estrela”
Raimundo é o patrão de Macabéa. Ao longo da trama ele a
intimida com a ameaça de mandá-la embora do trabalho. Este personagem é uma
alegoria criada por Clarice, pois simboliza em “A Hora da Estrela” a esfera da
economia, o sistema capitalista que explora os nordestinos e colabora para que
eles tenham uma vida de pobreza e miséria.
A cartomante Madama Carlota
Ela é a cartomante de que Glória convence Macabéa a
procurar. Já foi prostituta quando jovem. Na época ela era doida por um gigolô
que às vezes lhe batia. Madama Carlota se exitava quando levava essas surras.
Após ser desprezada pelo amante, ela passou a se envolver com mulheres. Carlota
fez a moça feliz quando previu para ela um futuro brilhante, dizendo inclusive que
a jovem contrairia casamento com um homem rico.
A Morte
Rodrigo S. M., o narrador, dá um enfoque distinto à
morte. A cena que descreve o encontro de Macabéa com este personagem é brioso e
comovente. É com regozijo que ela a recebe.
A Hora da Estrela resumo
Rodrigo inicia a história desenhando um perfil da
protagonista que irá criar. Ela será de origem nordestina, embora o autor ainda
desconheça seu nome. Esta jovem é tão inocente que em muitos momentos sorri
para as pessoas nas vias públicas. Ele faz questão de ressaltar que ninguém
retribui seu sorriso porque ela é praticamente indiferente para os outros.
Sua ocupação é decidida com maior lucidez. Ela domina a
datilografia. A trama será bem ingênua. Se conquistar um esposo, deverá se casar
de véu e grinalda. Há muitas questões ainda sem definição na mente do autor.
Ele já sabe, entretanto, que a jovem será muito discreta e não terá muita habilidade
para viver.
A moça vai ter um emprego de datilógrafa em uma empresa
de representação de roldanas, localizada na Rua do Lavradio. Seu chefe briga
com ela, porque a jovem comete muitos erros nos textos que datilografa. Ele a
intimida com brutalidade, persistindo em dizer que irá despedi-la. Com ingenuidade
a protagonista se desculpa por lhe causar problemas, nessa hora, Raimundo
Silveira retrocede e com mais calma diz que por algum tempo não a demitirá.
No passado a jovem morou ao lado de uma tia religiosa. Ela
veio ao mundo bem raquítica, aos dois anos ficou órfã de pai e mãe, no sertão
alagoano. Então, foi com sua única parente para Maceió. A personagem demorou a
se desenvolver fisicamente e no início não aparentava ter qualquer traço de
feminilidade.
O único prazer dela era comer goiabada com queijo, mas
sua tia fazia questão de lhe proibir de degustar essa delícia, só para puni-la.
Após a morte da tia, quando as duas já moravam no Rio de Janeiro, a garota não
voltou a freqüentar a Igreja. O autor não define o porquê da mudança da
protagonista e de sua tia para o Rio de Janeiro. Antes de morrer ela conseguiu
um trabalho para a sobrinha.
Nesta cidade a personagem vivia com mais quatro jovens,
vendedoras das Lojas Americanas: Maria da Penha, Maria Aparecida, Maria José e
Maria apenas. Elas compartilhavam um cômodo na Rua do Acre, próxima ao cais do
porto, região de meretrício e de desembarque dos marinheiros.
Um dia ela almejou se permitir uma experiência única.
Nunca pode ficar só no quarto onde morava com as companheiras. Assim, escreveu
uma história para seu chefe só pensando em ficar sozinha no quarto. Nesse dia
ela conheceu a solidão, um tesouro até então desconhecido. Aumentou até o
último volume o radinho de pilha, dançou e comeu até não poder mais na frente
do espelho.
Sob uma chuva muito forte, a protagonista conheceu sua
suposta alma gêmea. Ambos se viram e se perceberam como seres da mesma espécie,
frutos do Nordeste. É nesse ponto da história que o autor enfim revela o nome da
jovem: Macabéa, fruto de uma promessa feita por sua mãe.
Ela conheceu Olimpio, ele tinha sido educado por um
padrasto. Com ele aprendera a se insinuar com educação junto às pessoas para
tirar proveito delas e a fisgar uma mulher. O moço era operário de uma
metalúrgica. Mas, para os padrões de Macabéa, ele se expressava de uma forma complicada.
E ainda por cima não a apreciava como uma mulher bonita.
Numa dada ocasião eles estavam em um passeio quando o jovem
quis provar que era magro, porém vigoroso. Ele a levantou em um único braço em
plena rua e sem querer a derrubou na lama.
O maior desejo de Macabéa era ser uma estrela do cinema.
Olímpio achou que esta era uma idéia louca. Ele não costumava pagar nada para a
namorada, era um homem avarento.
Em uma ida ao zoológico, ela teve pavor praticamente de todos
os animais. Perante o rinoceronte urinou-se toda, e agradeceu pelo namorado não
ter observado. Ela afirmou que tinha se sentado em um lugar molhado.
Olímpico sempre reclamava que Macabéa não tinha nada para
conversar.
O rapaz não tinha encanto algum em se relacionar com
Macabéa. Ele achava a moça sem sal. Porém, ao conhecer Glória, amiga de sua
namorada, percebeu prontamente que teria mais proveitos. A jovem era uma falsa
loira, nascida no Rio de Janeiro, não muito bonita, mas bem afeiçoada.
O relacionamento com a protagonista tornou-se entediante.
Agora ele quase nunca a encontrava no ponto de ônibus. Enquanto, ela só sonhava
com o dia do noivado e do casamento. Enfim ele termina com a moça, diz que vai
trocá-la por Glória e a humilha. A reação de Macabéa é surpreendente, ela
dá uma gargalhada, e ele, sem compreender, também morre de rir.
Pouco tempo depois a protagonista passa um batom vermelho
na boca. A colega Glória acha estranho e pergunta a ela se ficou louca, não
contente, diz que Macabéa está parecendo mulher de soldado. Ela diz que é
virgem e a companheira questiona se a feiúra causa amargura. Macabéa responde
que não parou para pensar nisso, mas retorna a pergunta à Glória, afirmando que
ela deve saber, pois é feia.
Porém Macabéa não guardava ressentimentos. Embora não trocasse
segredos com a colega, continuava a conversar com ela. Possivelmente, em um
ímpeto de remorso por ter tirado o namorado de Macabéa, Glória a convidou para
conhecer sua casa. Ela tomou chocolate quente e comeu biscoitos na casa de
Glória.
Macabéa teve um início de tuberculose. O médico fez o
diagnóstico e ela o agradeceu, pois não sabia se a doença era algo bom ou ruim.
O doutor prescreveu os medicamentos e também espaguete italiano.
Glória falou para Macabéa que conquistou o namorado dela
através de uma cartomante. Essa mulher pretensamente saberia o futuro de todos.
Ela se propõe a emprestar dinheiro para a protagonista se consultar com a
cartomante. A jovem apresenta madama Carlota para Macabéa. Ela tem o carisma de
irromper qualquer sortilégio que alguém tenha armado contra seu cliente,
trabalha com porco preto, galinhas brancas e muito sangue.
Macabéa seguiu os conselhos da camarada e procurou madama
Carlota. Ela a recebeu com muito afeto. Uma jovem chorosa deixava a casa da
mulher quando a protagonista chegou. A cartomante contou à protagonista toda
sua história, desde quando era uma adolescente afundada na prostituição. Ela
fora apaixonada por um gigolô que às vezes lhe batia, mas sentia prazer quando
levava essas surras.
Quando seu gigolô a abandonou, Carlota decidiu só se
envolver com mulheres, para não passar mais por tanto sofrimento. Então ela deu
um conselho a Macabéa, só se relacionar com mulheres, por conta de sua doçura.
Assim que a cartomante envelheceu, engordou e ficou sem dentes, ela se tornou
uma cafetina.
Enfim Carlota dá início à consulta. Ela pede que Macabéa
dê um saimento nas cartas com a mão esquerda. Para a protagonista este sinal
simbolizava seu próprio futuro. A cartomante ficou perplexa ao olhar as cartas.
Ela vê a vida terrível da moça e expressa sua piedade. A mulher não se engana
em nenhum detalhe sobre o passado de Macabéa. Então avisa que ela ficará sem
trabalho após ter sido largada pelo namorado.
No fim da consulta, o aspecto da madama brilha e ela jura
que a existência da moça irá se alterar inteiramente na mesma hora em que ela
sair daquela casa. Olímpio ia reatar o namoro e lhe pedir em casamento; o chefe
não iria mais despedi-la, e a moça iria receber uma grande quantia de dinheiro
à noite, de um estrangeiro. O homem teria a pele clara e seria loiro de olhos
azuis. E se Macabéa não estivesse tão apaixonada por Olímpio, ele a pediria em
namoro. Nesse momento Carlota pensou melhor e afirmou que o estrangeiro é que
iria ser o esposo de Macabéa. Ela acharia a felicidade e teria uma vida
luxuosa.
Quando Macabéa ficou perplexa, madama afirmou que só
falava a verdade, não ocultava nada a seus clientes. Depois disso pediu à jovem
que partisse para encontrar imediatamente o seu futuro.
Assim que deixou a casa da cartomante, a protagonista já
se sentia outra. Agora ela tinha um amanhã. Carlota lhe dera uma esperança de
vida. Ela quis chorar, mas conteve as lágrimas. Porém, ao pisar na rua, foi
atropelada por um Mercedes amarelo. Jogada no chão, a moça ainda conseguiu
perceber que se tratava de um automóvel de luxo. Muitas pessoas se juntaram em volta
de Macabéa, já em agonia, mas nenhuma delas tentou socorrê-la. A jovem foi
agarrada pela morte e a felicidade a atingiu.
A Hora da Estrela resumo - final.
A Hora da Estrela resumo - final.
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